terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quando?

«Rejeito a horizontal
Mesmo antes de cair
Dignificar-me-á o chão
Ao rodar, ao, à direita, subir
Em noventa a perspectiva

Vertical Solo


Mas não lhe tocarão
Meus firmes, rectos joelhos
Antes do meu convexo tórax
No auge da degradação
E tão hirto e firme como nunca

Pedra eterna, imortal alma


Não passo de ninguém sem vós
Não sois vós alguém sem voz

Nós


Somos terra, somos fonte


Um

Ontem

Dois

Hoje

Três

Quando?


Se ontem já era tarde
E o amanhã parece quase neblina
A nós imune

Vento, punhos e palavras em rajada.»


Em Se a Lua Viesse de Manhã

domingo, 19 de dezembro de 2010

Mulher

Ninguém te criou, tu te criaste

Tudo alcançaste sem plano omnipotente

Mas o que à luz da lua tu brilhaste

Quase me fez considerar-te transcendente


Quase chamando à tua beleza divinal

E ao teu corpo que sem cansar vejo e revejo

Onde sacio o meu amor carnal

E com que matas o meu carnal desejo.


Que beleza a natureza permitiu!

Que beldade da evolução resultou

Que disse este mortal quando tal viu

Para a cova sem te beijar não vou!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Aos Avós

Tudo é efémero na insuficiência da existência

Nada chega, nem o tempo nem o espaço

E quando expira o calor de um regaço

Vemos que a vida nem é vida, mas experiência


O que há para apagar, fica pintado

Em frias e eternas pinceladas

Segundo crédito para um acto equivocado

Não existe, só memórias encerradas


Capítulos de um livro terminado

Onde o fim é sempre um novo início

Não há clima poeirento ou abafado

Somos da vida, gerações ossos de ofício


Mas pesa sempre esta naturalidade

Que natural é o natural custar

E a pena e o seu peso é, nesta idade,

Ficar sem tempo mais para te abraçar.


08-12-2010